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Her Voice, Your Journey: Inês Magalhães

A Inês Magalhães entrou na minha vida em 2019— talvez o ano mais desafiante que alguma vez enfrentei. Lutando com o peso esmagador de um desgosto amoroso e do burnout profissional, procurei terapias alternativas para me ajudar a encontrar o meu caminho através do caos. A nossa primeira sessão foi multidimensional e, desde então, a Inês tem sido uma presença constante no meu percurso.

As nossas experiências partilhadas têm sido ricas e variadas—desde círculos do sagrado femininos e leituras de aura até constelações familiares. Sempre que preciso de orientação no meu caminho de autodescoberta e crescimento, a Inês é uma presença constante. Os nossos caminhos têm-se entrelaçado, enquanto testemunhamos o crescimento uma da outra, e o seu apoio inabalável tem sido uma pedra angular na minha transformação.

A Inês Magalhães é uma mulher com M maiúsculo—ela personifica força, resiliência, determinação implacável e espírito indomável. Ela é uma guerreira que não hesita em manter-se firme e falar a sua verdade, mesmo que isso signifique desafiar convenções com um vigoroso “Foda-se” e um murro na mesa. Esta é a minha homenagem sentida à Inês Magalhães—uma mulher verdadeiramente extraordinária cuja coragem e autenticidade continuam a inspirar-me todos os dias.

Hoje, a voz que se faz ouvir é de Inês Magalhães!

O que te levou a interessares-te por terapias alternativas e qual foi o momento ou experiência que te despertou para a tua verdadeira vocação como terapeuta?

As terapias alternativas sempre estiveram presentes na minha vida, através dos meus pais. Sempre que existia um problema, havia uma tendência para perceber se ”havia algo mais” para além do parecer dos médicos. O meu despertar não surgiu de um dia para o outro, criei imensa resistência por medo e vergonha. Mas, quando percebi que não era a Educação que me ia preencher, o meu caminho abriu-se pelas terapias.

O meu despertar não surgiu de um dia para o outro, criei imensa resistência por medo e vergonha. Mas, quando percebi que não era a Educação que me ia preencher, o meu caminho abriu-se pelas terapias.

Formaste-te em Ciências da Educação. Como foi o teu percurso desde essa formação até te afirmares como terapeuta? Quais foram os maiores desafios que enfrentaste e como os superaste?

O percurso foi duro. Nunca gostei do curso; o meu objetivo era entrar em Psicologia. Como não consegui, entrei na Faculdade de Psicologia pelas Ciências da Educação, com o objetivo de fazer permuta de curso. O primeiro desafio foi lidar com a frustação e re-construir um novo caminho profissional. Depois, lidar com uma depressão profunda que quase me levou a desistir do curso e da minha vida social. O que me salvou, na época, foi a praxe e os pequenos convívios académicos que me traziam á tona. Paralelamente, comecei a investir em sessões de reiki e terapias de cura energética para conseguir ultrapassar os sintomas da depressão. Até que no último ano de curso, deixo uma cadeira por fazer e, numa conversa franca com a professora que lecionava essa disciplina, ela abriu-me horizontes. O nome dela era Helena Damião, e a mensagem que me passou foi: "O teu potencial nunca vai ser visto através deste curso, e a única área que te pode trazer sucesso através das Ciências da Educação é a formação de formadores, algo que tu não gostas." Foi nesse ano que tive que “perder”, para acabar o curso, que comecei a investir nas primeiras formações de desenvolvimento pessoal e espiritual. Por isso, acredito que o ano que "perdi" na faculdade, veio a dar frutos na minha transição profissional.

O teu avô Miguel foi uma peça chave no teu percurso profissional. Que impacto é que ele teve na tua carreira e na tua decisão de seguir este caminho?

Nos seus últimos anos de vida, o meu avô viveu comigo. Então tínhamos imensas conversas sobre trabalho e o futuro. Aos poucos, ele começou a semear na minha mente a ideia de trabalhar por conta própria. Quando decidi avançar com as terapias, eu não tinha espaço, os meus pais não concordavam, e eu não tinha dinheiro. Ele ofereceu-me a casa dele para eu começar, deu-me 300€ e disse, “Se vais fazer bem ás pessoas, é o que importa”. Basicamente, foi assim que a 4 janeiro de 2018, apresentei o meu projeto ao mundo.

A pandemia impactou a tua prática, bem como a tua presença online no sentido de continuar a ajudar pessoas. Que conselho darias a outras mulheres que desejam iniciar o seu próprio negócio ou prática?

O meu maior conselho é: Não se foquem no dinheiro numa fase inicial. Foquem-se no prazer do que vão criar e desenvolver. Invistam em estudar sobre negócios para construírem uma estrutura sustentável, que não vos roube saúde e bem-estar. Trabalhem muito a parte emocional; ela é fundamental para os dias em que queremos desistir de tudo. Ahh, e não vendam algo em que não acreditam!

Her Voice, Your Journey: Inês Magalhães
Inês Magalhães orienta mulheres a transformarem as suas vidas através da sua dor.
Dentro das terapias alternativas especializaste-te em várias áreas, nomeadamente Leitura e Cura da Aura, Constelações Familiares, Psicogenealogia, Rebirthing, entre outras. Podes falar um pouco sobre cada uma dessas áreas e como elas contribuíram para a tua própria cura?

A Leitura Aura será sempre a terapia que transformou a minha vida. Tinha 16 anos quando fiz a minha primeira leitura, e toda a informação que me trouxe, deu-me força e visão sobre o meu futuro. Esta terapia foca-se na análise energética do nosso campo, e mostra-nos toda a informação do passado que está a influenciar o nosso momento presente. Ela acaba por ser uma ferramenta de orientação e consciência na nossa vida.
A Constelação Familiar e a Psicogenealogia surgem na minha jornada com a endometriose. Foram as duas ferramentas que durante dois anos sustentaram todo o trabalho que fiz de preparação para a cirurgia e, mais tarde, para conseguir engravidar. Elas permitem-nos estudar o impacto do trauma familiar na nossa vida, ajudando-nos a descobrir o que estamos a representar no nosso sistema familiar e os padrões de repetição que trazemos para a nossa vida, com base na vivência dos nossos ancestrais.
O Rebirthing surge como um hobby. Sou fascinada pelo nascimento e vida intrauterina, e comecei a estudar várias técnicas que nos podiam levar á nossa origem. Foi nesse processo que descobri um fascínio pelo trabalho em água e, até hoje, continuo a desenvolver prática nesse sentido. O Rebirthing usa essencialmente técnicas de respiração e sensações corporais para nos conduzir a um trauma ou conflito que precisa de ser libertado. Pode realizar-se em água quente, fria ou fora de água.

De que forma integras as diversas terapias e técnicas que dominas para abordar o ser humano como um todo?

Nós não somos só carne, só energia ou só um conjunto de informações. Quando olho e cuido de uma pessoa como um todo, eu tenho que olhar para a sua história familiar, para a forma como veio ao mundo, para a sua infância, para a sua saúde energética e, sobretudo, o nível de consciência em que ela está. Se não o fizermos, a pessoa não tem capacidade de absorver o efeito da terapia ou, até mesmo, ter o seu problema solucionado. O olhar o ser humano como um todo é respeitar os estágios de mentalidade de cada pessoa, e orientá-la dentro desse nível de consciência.

Uma das tuas bandeiras é a luta contra a espiritualidade tóxica. O que é para ti a "espiritualidade tóxica", o que te motivou a lutar contra ela e como identificas práticas ou crenças que consideras prejudiciais?

Infelizmente, através da burla financeira que os meus pais sofreram para me ajudar quando tinha 10 anos, e pela dependência e manipulação que vivi com um terapeuta que usou os meus pontos fracos e vulnerabilidades, para me manipular pelo medo.

A espiritualidade tóxica vem muito enraizada dos anos 80, onde existe uma tendência para nos colocarem como vítimas e “sofredores” de influências externas. Este tipo de abordagem usa o medo como gatilho e cria dependência entre o terapeuta e o cliente. A pessoa acredita que a sua saúde e bem-estar surgem só, e apenas, através do terapeuta.
Uma espiritualidade tóxica vende “o milagre e o caminho mais fácil”, cria conflitos dentro da familia e amizades, colocando sempre alguém como vilão, foca-se muito em trabalho energético e o terapeuta é o “guru” que tem o poder para solucionar todo o tipo de problemas. Este tipo de práticas e pensamento é perigoso, pelo número de psicoses, problemas em casamentos, e doenças físicas e mentais que se desenvolvem em paralelo. Para não falar dos grandes volumes de dinheiro que se perdem nesta rede de toxicidade.

Na tua busca pessoal pela cura, acabaste por criar dependência em terapeutas. Em que momento da tua vida tomaste consciência dessa situação e de que forma abordas esta questão com os teus próprios clientes?

Quando precisei de ajuda, essa pessoa desapareceu do mapa. Eu não tinha estrutura emocional para gerir a ansiedade e os medos que me assolaram na altura. Foi nesse exato momento, que percebi que em dois anos, eu não tinha criado uma estrutura saudável e que os problemas continuavam a existir. Apenas tinha criado uma segurança superficial numa pessoa, a quem recorria sempre que existia um SOS.
Eu incentivo os meus clientes a olharem para mim apenas como uma bússola, como alguém que lhes vai dar ferramentas e consciência para gerirem melhor os desafios diários. Daí defender o investimento no território do conhecimento (cursos, formação, livros) para que a pessoa actue com maturidade e consciência perante os desafios da vida, sem precisar de um terapeuta para sobreviver.

Eu incentivo os meus clientes a olharem para mim apenas como uma bússola, como alguém que lhes vai dar ferramentas e consciência para gerirem melhor os desafios diários. Daí defender o investimento no território do conhecimento (cursos, formação, livros) para que a pessoa actue com maturidade e consciência perante os desafios da vida, sem precisar de um terapeuta para sobreviver.

Fala-me um pouco sobre a tua abordagem terapêutica, especificamente a recusa de trabalhar com sentido de urgência?

Para mim, trabalhar com sentido de urgência é trabalhar com uma pessoa inflamada que está desassociada das suas emoções e discernimento. Ou seja, estamos na presença de uma reação momentânea que não é a realidade. Eu não sou dentista, fisioterapeuta ou um centro hospitalar para trabalhar com sentido de urgência. Temos que respeitar o tempo de reação a uma situação, para o corpo e a mente processarem. Não inicias um trabalho de luto na fase da negação, não inicias uma jornada de desenvolvimento pessoal com base na traição que descobriste hoje. Nós precisamos de TEMPO para absorver as coisas, quando procuramos ajuda no sentido de urgência, estamos a fugir do SENTIR.

Her Voice, Your Journey: Inês Magalhães
A descoberta da endometriose profunda despertou o seu desejo de ajudar, acompanhar e empoderar as mulheres nos seus processos de dor.
A tua experiência com a endometriose influenciou a tua abordagem terapêutica. Podes falar um pouco sobre isso e em que momento e com que intuito surgiu o projecto “Mulheres Reais”?

A Endometriose foi uma viragem profissional, e iniciou numa busca pela raiz dos meus problemas. Estava farta de viver sempre as mesmas sensações e situações. As Mulheres Reais surgem da vontade de ajudar as mulheres a trabalhar o seu feminino, a criarem posicionamento seguro nas suas vidas e ajudá-las a trabalhar os seus territórios: energético, emocional, conhecimento e mental. Para que o verdadeiro feminino se mantenha saudável e elas consigam viver uma vida mais leve e alinhada.

Que estratégias utilizas para ajudar e empoderar mulheres que enfrentam problemas como infertilidade, perda gestacional, e outras questões de saúde reprodutiva?

Eu não trabalho com protocolos fechados, pois cada mulher é diferente e está num nível de consciência, também ele, diferente. O que faço é alinhar a abordagem das Constelações Familiares com técnicas de curas ancestrais femininas, para levar as mulheres ao seu ponto de auto-cura. Trabalhar com a saúde da mulher é muito complexo, pois somos extremamente sensitivas e sensíveis.

Recentemente foste mãe. De que forma é que este “renascimento” pessoal impactou a tua vida e como concilias a maternidade com a tua prática terapêutica e o desenvolvimento contínuo da tua carreira?

Ainda estou aprender. Neste momento, o foco é a minha filha e estar presente nestes primeiros anos de aprendizagem. Por isso, muitas vezes, coloco a vida profissional de lado. Conciliar os dois mundos é gerir culpa e exigência. Há dias que sinto que falhei, e outros que me sinto orgulhosa de ter conseguido conciliar tudo.
A maternidade teve um impacto significativo na criação de limites, gestão de tempo e em dizer muitas vezes "não". Sou mais seletiva na minha vida social e com quem quero investir o meu tempo. Em termos profissionais, fez com que valorizasse mais o meu tempo e a minha ação terapêutica.

A maternidade teve um impacto significativo na criação de limites, gestão de tempo e em dizer muitas vezes "não". Sou mais seletiva na minha vida social e com quem quero investir o meu tempo.

Que mensagem gostarias de deixar às mulheres que estão a enfrentar desafios semelhantes aos que enfrentaste e que estão à procura de cura e transformação nas suas vidas?

Sendo o mais sincera possivel: é duro e exige investimento da nossa parte. Se realmente queres enfrentar um desafio, ou chegar á cura, terás que estar disponível para enfrentar a tua “banheira da merda” e aceitá-la. Só assim vais conseguir mudar comportamentos e abrir o teu corpo para a transformação.

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Viajar sempre foi fundamental na minha vida, impulsionando a minha paixão por explorar a diversidade do mundo e fomentar ligações através de experiências partilhadas. Após sete anos de um estilo de vida nómada, procurei uma transformação mais profunda e duradoura, experienciando-a em Bali. Esta viagem inspirou a criação do Jalan Jalan, um projeto dedicado a oferecer viagens transformadoras, cheias de alma e um estilo de vida holístico. Integrando o meu fascínio pela astrologia e pelo breathwork, o meu objetivo é ajudar os outros a ligarem-se à sua verdadeira essência e a libertarem a sua grandeza.

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