
Sophie Claire Annen: Uma Jornada Artística de Dança e Autodescoberta
Conheci a Sophie Claire Annen durante o Curso de Astrologia, onde a sua presença suave e voz tranquila já a distinguiam, irradiando uma serenidade que parecia envolver todos ao seu redor. Desde então, foi uma das companheiras com quem mantive contacto e com quem tive o privilégio de partilhar leituras e trocas de conhecimento. Para a Sophie, a dança é muito mais do que movimento; é um portal de autodescoberta e transformação, onde ela se entrega de corpo e alma, tocando aqueles que a observam com uma leveza e profundidade únicas.
A sua jornada vai muito além dos palcos — é um caminho de autoconhecimento que Sophie partilha generosamente com o público, numa abordagem holística que nos desafia a sentir, a refletir, a descobrir o potencial que habita em cada um de nós. Hoje, sinto-me honrada por celebrar com vocês esta inspiradora mulher suíça, Sophie Claire Annen, e a sua tocante trajetória de dança, arte e consciência. Que as suas palavras e experiência vos inspirem tanto quanto a sua presença tem inspirado a minha.
Hoje, a voz que se faz ouvir é da Sophie Claire Annen!
Podes partilhar a história de como a dança entrou na tua vida? Houve um momento ou experiência específica que te fez perceber que a dança seria parte central da tua jornada?
Eu costumava ir a aulas de dança em criança, mas depois parei e concentrei-me noutras áreas durante algum tempo: música, canto, ginástica. Por volta dos catorze anos, senti-me chamada de volta à dança. Lembro-me de sentir uma grande fascinação pelos sapatos de pontas – queria mesmo experimentá-los! Logo descobri que a dança era o lugar onde me sentia mais viva e onde podia expressar-me completamente. Naquele instante, soube que seria sempre parte da minha vida e comprometi-me a tornar isso realidade.

A tua jornada artística levou-te da Suíça a Taiwan, Israel e mais além. Como é que essas experiências culturais diversas influenciaram a tua prática de dança e expressão criativa?
Estudar no estrangeiro trouxe-me imediatamente para contacto com abordagens criativas diversas, abrindo a minha mente e corpo a uma enorme variedade. Adoro observar as relações e conexões entre as coisas, e viajar permitiu-me perceber como a cultura molda a criatividade e vice-versa.
Trabalhaste com uma ampla gama de disciplinas, desde a dança indiana até ao vídeo mapping e à acrobacia. Como é que essas experiências interdisciplinares moldaram a tua identidade artística?
Acredito que tudo o que encontrei, sejam experiências ou pessoas, está arquivado algures dentro de mim e move-me pela vida. Estar exposta a estudos multidisciplinares desde cedo ajudou-me, sem dúvida, a permanecer aberta a todas as possibilidades e a implementar diferentes vias nos processos criativos.
O teu trabalho está profundamente enraizado na facilitação do potencial das pessoas. O que é que te inspirou a focares-te neste aspecto da dança e criatividade?
Foquei-me neste aspeto quando comecei a experimentá-lo diretamente. À medida que mergulhei mais fundo no trabalho interior, percebi o quanto de mim estava escondido debaixo da superfície devido a condicionamentos, falta de consciência ou medo. Ao conectar-me com o meu corpo e ouvir internamente, comecei a descobrir aquela parte essencial de mim, o grande potencial que reside dentro de cada um de nós e que constantemente nos comunica os seus desejos mais profundos, ansioso por ser cuidado.
Em 2021, embarcaste numa jornada de autodesenvolvimento com o Humanhood. Como é que essa experiência transformou a tua abordagem ao movimento e à energia?
A experiência com o Humanhood foi uma das mais significativas da minha vida, pois desencadeou uma série de eventos que mudaram o meu foco de desempenho para uma expressão mais autêntica de mim mesma. A forma como esta jornada de desenvolvimento pessoal entrelaçou mentalidade, movimento e energia ressoou profundamente comigo, refletindo a minha crença na interconexão de todas as coisas e seres. Foi como regressar a casa e permitiu-me descobrir o meu potencial ilimitado.
Falas sobre a importância de despir as identidades aprendidas para revelar a nossa verdadeira essência. Podes partilhar alguns dos desafios que enfrentaste na tua jornada de autodescoberta e como os superaste?
O que percebi na minha própria jornada é que cada oportunidade de crescimento envolve muitas vezes enfrentar um dos meus medos. Por exemplo, tive de enfrentar o medo de desiludir as pessoas ao estabelecer limites e de abandonar o comportamento de querer agradar, para evitar causar desconforto aos outros. Agora, sempre que enfrento esses medos, lembro-me de que agir de acordo com a minha própria verdade e autoexpressão é o mais importante para mim. Sei que o próximo passo de crescimento está logo além desses desafios.
tive de enfrentar o medo de desiludir as pessoas ao estabelecer limites e de abandonar o comportamento de querer agradar, para evitar causar desconforto aos outros. Agora, sempre que enfrento esses medos, lembro-me de que agir de acordo com a minha própria verdade e autoexpressão é o mais importante para mim.
A natureza, o movimento e a troca de energias desempenham um papel central na tua filosofia. Como é que esses elementos influenciam o teu processo criativo e os espaços que crias para os outros?

Sempre que possível, gosto de oferecer as minhas práticas ao ar livre e na natureza. Gosto de convidar os participantes a observarem o que os rodeia, bem como as sensações que surgem dentro de si. Esta consciência ajuda a perceber que não há distinção entre os nossos corpos físicos e o nosso ambiente; o crescimento, a mudança e a resiliência face aos desafios estão sempre disponíveis. E, tal como a natureza, estamos constantemente a mover-nos e a vibrar com energia. Abordo as minhas ofertas com um coração aberto, um corpo recetivo e uma abertura para ouvir e, assim, poder responder às energias presentes no espaço no momento exato.
Como alguém que viajou extensivamente e trabalhou em vários ambientes artísticos, como manténs um sentido de enraizamento e de conexão com a tua verdade?
Através de uma escuta atenta do meu corpo. Independentemente do contexto em que estou, tento sempre conectar-me com o que estou a sentir e, com tempo e paciência, aprendi a confiar nisso. No início, não conseguia, devido aos condicionamentos e comportamentos aprendidos que ativavam o meu sistema nervoso, não refletindo o meu verdadeiro eu. Primeiro, tive de ensinar o meu corpo a sentir-se seguro, um processo que exige tempo e repetição.
Cheguei a um ponto em que, enquanto me sentia confortável em casa, focada em práticas de autocuidado, viajar fazia-me sentir descentrada. Esta experiência ensinou-me a importância do equilíbrio, aprofundando a minha compreensão da incorporação na minha própria prática. Incorporar a minha verdade significa levá-la comigo para onde quer que vá, tornando-a um modo de vida, especialmente quando enfrento desafios. Em última análise, mantenho-me conectada à minha verdade sendo honesta comigo mesma. E expressando-a.
Podes falar um pouco sobre o coletivo de dança que criaste com as tuas amigas? Como é que surgiu a ideia de o criar e quais são as vossas aspirações para o mesmo?
Através das tuas masterclasses, retiros e leituras astrológicas, guias outros a reconectarem-se com a sua expressão não condicionada. Como vês essas práticas a evoluírem no futuro?

Como verdadeira sagitariana com Lua em Gémeos, estou sempre à procura de melhorar e aprender (ou aperfeiçoar) novas habilidades. Acredito profundamente que só se pode levar as pessoas tão longe quanto nós próprios fomos, então, neste momento, estou concentrada nisso. Para o futuro, tenho uma visão ampla, mas, para o futuro próximo, vejo-me a combinar movimento, astrologia e princípios energéticos cada vez mais, criando uma comunidade de pessoas afins e oferecendo formatos mais longos para trabalhar comigo. Gostaria de poder apoiar as pessoas a longo prazo, pois acredito que é a única forma de ocorrer uma mudança duradoura.
A tua visão fala sobre a ideia de que “tudo é um processo criativo”. Como integras esta filosofia no teu dia-a-dia, tanto a nível pessoal como profissional?
Na minha opinião, tudo é um processo criativo, já que cada um de nós é o criador ou artista da sua própria vida. Para mim, viver com esta consciência resume-se ao cuidado e amor que dou a mim mesma. Concentro-me em nutrir o meu bem-estar de várias formas – desde o sono que tenho até como nutro o meu corpo, movendo-o e tocando-o conscientemente, proporcionando-me momentos de silêncio e convidando a presença a cada momento. Cuidar do meu corpo desta forma permite-me pensar com mais clareza e escolher quais pensamentos e energias entreter, bem como os que não me servem. Mantendo este alinhamento, consigo ouvir as minhas intuições e desejos, senti-los plenamente e, em última análise, trazê-los para a minha realidade.
Como mulher a navegar no mundo da dança contemporânea e das artes criativas, que conselho darias a outras mulheres que procuram trilhar o seu caminho nestes campos?
O conselho que daria a qualquer pessoa que leia isto é que esteja disposta a sentir-se desconfortável por algum tempo, a abraçar tudo o que é, a sua unicidade, e a ser responsável por isso. Não comprometas aquilo em que acreditas, não te encolhas para evitar deixar os outros desconfortáveis. Traz a tua autenticidade e vulnerabilidade para a frente.
Crie espaço para ti mesma, desacelera e lembra-te de que a contração e a expansão coexistem; não existe uma sem a outra. Sê paciente contigo mesma e age com intuição.
(...) esteja disposta a sentir-se desconfortável por algum tempo, a abraçar tudo o que é, a sua unicidade, e a ser responsável por isso. Não comprometas aquilo em que acreditas, não te encolhas para evitar deixar os outros desconfortáveis. Traz a tua autenticidade e vulnerabilidade para a frente.
Olhando para o futuro, quais são os teus sonhos? Como imaginas a evolução do teu trabalho e qual o impacto que esperas ter naqueles que interagem com a tua arte?
No futuro, imagino viver numa comunidade empoderadora, rodeada de indivíduos livres e plenamente incorporados, que assumem total responsabilidade pelas suas vidas. Encontro-me a partilhar conexões significativas com essas pessoas, enquanto moldamos as nossas vidas conforme desejamos. Gostaria de continuar a apoiar os outros nas suas jornadas, ao mesmo tempo que apoio e nutro a mim mesma. Aspiro ser um exemplo vivo de possibilidade que inspire os outros, e desejo que a minha arte desperte algo nos corações das pessoas. E, claro, desejo uma vida cheia de dança, amor e risos!
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